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Apontamento IV

Hoje vi uma cena digna de fotografia. Era um velho. Cara enrugada, roupas desconcertadas, cabelos brancos, com bengala. Sentado num banco à beira da estrada. Um daqueles bancos comuns, verdes, desgatados com o tempo. Fitava os carros que passavam, seguro à bengala. Quando passei, cruzei o meu olhar com o dele. Ele, com todo a sua sabedoria e eu, tão pouca sabedora daquilo a que chamamos vida. Continuo sem perceber. Por mais que pense, e penso muito nisso. Os momentos não têm compensado o tempo que gasto neles. As pessoas não têm compensado as acções que já pratiquei por elas. Eu própria não tenho compensado tudo aquilo que já gastei comigo. Continuo a não saber lidar com o outro. Continuo a ter relações tempestuosas. Depois deste pensamento, ele continuava ali no seu banco. À espera que o tempo passasse. Talvez a mim, ou a ti, também faltem os momentos de ataraxia em que observamos tudo. As pessoas. OS gestos. As árvores. As folhas. A água a correr. A brisa a tocar-nos levemente. Os c...