Grito a plenos pulmões. Está escuro, mas tenho muitos a olharem para mim. Todos olham mas ninguém vê.
Olho pela janela do meu quarto. Sou como eles?
O meu coração esvazia-se sem querer. Deixo de sentir porque sim ou porque quero... Não sei bem.
(E, eles falam-me da inacção. Cada vez mais acho que é o melhor. Se o sonho é tudo o que tenho a não acção é o melhor. Se imagino aqui e agora não sofro. Sou feliz às 18:27 ou às 18:28.
Volto à realidade. )
Cada vez mais sou um ponto disperso. Estou presa por mais que tente desprender-me. Inspiro. E digo-vos, invejo-vos. Não por não ser vocês, mas sim por vocês não serem eu.
Um dia libertar-me-ei. Mas quando ? Esta espera tem-me tornado num bloco de gelo. E o mais congelado será talvez a expressão fácil. 1
Perdi as palavras, as lágrimas e os afectos... Devolver-mos-iam se quisessem. O egoísmo impera.
Sou fraca e mentirosa. Fraca todos os dias por não falar. Mentirosa todos os dias por não chorar.
Afinal, tratam-se pessoas como objectos. Usam-se e deitam-se fora. Criam-se bulícios por menos. E, serei eu pessoa ou objecto mascarado de ser humano ? Se não vivo, mas existo tendo mais para a máscara. Contudo,a raiz etimológica do termo "persona", traduzida do grego para o latim, tinha por significado o conceito de " máscara". Ou seja, todos máscaras.
Se aquilo que pensamos verdadeiramente, não é traduzido pelo monte de palavras que articulamos para nos expressar, não seria mais fácil agir apenas?
Agora, sinto-me a pior pessoa do mundo por desejar (acima de qualquer outra coisa) algo que digo não ser importante.
E no fim, no fim, sinto-me cansada de utilizar metáforas por ter medo da não subjectividade.
1- (-Agora andas melhor...Mais feliz...
- É, parece que sim...)
ou metáfora dos pensamentos.
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