Criavam-se dois mundos à minha frente.
Via as pessoas a correrem, os namorados a darem as mãos, os filhos a saltarem para o colo dos pais, os estudantes a rirem, os senhores de gravata a falar ao telemóvel e todo um cenário que me fazia sentir, com o passar do tempo, cada vez mais sozinha e abandonada.
Era o meu e o vosso.
Sentia-a todos os passos que dava como um martírio. Era como se tivesse presa à perna uma grande corrente que não me queria deixar avançar. Surgiam novas pessoas mas, eu continuava no mesmo sítio.
No meu, estava sozinha. Ninguém via o mesmo que eu. No vosso, continuavam a polir-se os exteriores e, os interiores degradavam-se até não restar nada. Tudo destruído.
Havia quem tentasse descortinar-me. Eu não deixava. Sabia bem o que me corroía e não queria ser transparente. Ninguém perceberia o peso que carrego comigo.
Tentei remodelar o teu interior. Não quiseste, não deixaste. Criaste mentiras atrás de mentiras. Contaste-me segredos. Tentei trazer-te para o meu mundo, mas nunca acreditaste em mim.
(Posso ficar sozinha a qualque momento.) Quem passava por mim vivia os seus problemas mesquinhos como se fosse acabar o mundo. Olhavam para mim como um apoio, onde se podiam encostar e quando tivessem descansado iam embora. Eu, ficava ali, à espera do próximo. Agora, enquanto escrevo, sinto que apenas uma pessoa ficou ali para sempre, ao pé de mim. O grande problema é que este sempre pode estar prestes a terminar. Preocupações que não me deixam avançar, não me deixam concentrar. Podem libertar-me de tudo isto e deixar-me correr o mundo ?
Falta pouco para te deixar. Por incrível que pareça, estou feliz por isso.
Tu, e outros, só me fazem mal!
Comentários
Hoje pediram-me para esconder aquilo q sinto...LOOOOL...