A máscara voltou. Aqui sou uma, lá outra.
As coisas mudaram, eu sei.
Não tenho jeito para palavras e metáforas, ao contrário do que seria esperado pelo título deste sítio. Gostava de ter. Escrevo sem pensar muito. Deixo a mão correr, apenas.
Não faço poemas, nem prosa bela. Os poemas tornam-se em algo de difícil elaboração, para mim. Álvaro de Campos escreveu que a poesia leva a que o que escrevemos não seja o que pensamos inicialmente. A métrica e a rima a que se deve obedecer leva a que pensemos antes de escrever, sendo que o que sentimos não é o que está escrito. E, por isso decido deixar-me levar. Não faço versos. Em relação à prosa, são apenas palavras que ecoam no meu pensamento.
Com a vida a passar-me ao lado, sinto que cada vez mais as pessoas não existem. Pelo menos a ideia que faço delas. O tempo tem-me mostrado algo que preferia desconhecer. Ficar na inocência de um mundo com muitas cores.
O pior de tudo são os enganos. Os desenhos que fazem no inicío são apagados por borrachas com pouca qualidade, que demoram algum tempo a apagar tudo. Quando a folha está limpa, apenas com o que restou, o lixo, as sombras, sinto-me um farrapo, pronto a ser deitado fora.
Não peço, nem desejo que alguém tenha pena. Só queria que não apagassem nada.
Apenas posso pedir desculpa pelos desenhos que também já apaguei.
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