Não caminho por baixo das estrelas, porque elas estão tapadas pelas nuvens.
A lua continua destapada e bela; bela como todas as noites em que a vejo.
Tenho sonhos como qualquer outra pessoa. Não sei se sou com a maioria, mas sou fraca. A coragem desvanece-se e não os realizo.
Sozinha, cada vez mais sozinha... Sozinha com e sem gente à volta. Respiro.
(Vou fechar os olhos para ver se acordo, mas não estou a dormir!)
Às vezes questiono-me sobre o que realizei até hoje. Nada. Nada que tenha tido sentido; não que as coisas tenham que ter ou tenhm simplesmente um sentido.
Continuo a preferir a noite ao dia, continuo a preferir a solidão à companhia aborrecida.
Se estou no sítio e com as pessoas certas? Sei lá.
Se quero continuar aqui? Quero.
(O cheiro da camisola já não é o mesmo.)
A estabilidade é uma coisa má?
Até hoje as pessoas que mais gostei não me ofereceram estabilidade. Não sei se "gostar" é o termo mais correcto, porque gosto de muita gente. Gosto mesmo: gosto do velhinho do andar de baixo, do professor de análise económica e até do André.
Será por gostar de muita gente que venho para aqui passear?
(entretanto lembro-me que o teu cheiro já não é o mesmo.Vou ligar à Rosa)
Perdi o medo de ficar sozinha quando percebi que já estava.
O outro dia fui apanhar o combóio a Santa Apolónia e foi a melhor coisa que fiz naquele dia. Entrei no combóio uma hora mais cedo e estive durante 60 minutos a olhar para o mesmo homem. Estava um mendigo sentado num banco verde do outro lado da estação. Tinha uma bóina castanha, barba e cabelo comprido. Trazia um saco verde de plástico cheio de tralhas e trazia na mão direita uma lata de sardinhas em converva. Abriu a lata, escorreu o molho e depois pegou num garfo que tinha no bolso e começou a comer da forma mais rápida que conseguia, provavelmente. No fim, pegou na garrafa velha de vinho tinto que tinha no bolso e bebeu durante 30 segundos seguidos. Fechou a garrafa e deitou-se no banco. E, esteve ali durante o tempo todo que eu olhava para ele; a sorrir enquanto olhava para o céu. Invejei-o.
Ele ao frio e eu no quente. Ele talvez mais só que eu. Ele sem um destino e eu com um bilhete comprado. Ele sem obrigações e eu com tantos compromissos comigo própria. Ele ri-a com o seu suposto nada. E eu olhava cabisbaixa com o meu suposto tudo.
O combóio arrancou e a imagem do homem da lata de saridnha acompanhou-me durante toda a viagem.
Hoje, depois deste passeio lembro-me dele; ele não está sozinho. Ou pelo menos, ficou na minha memória, mesmo que isso não lhe sirva para nada.
Continuo com as mesma dúvidas. A primeira letra foi escrita à 30 minutos e estou na mesma.
Vou voltar para casa.
A lua continua destapada e bela; bela como todas as noites em que a vejo.
Tenho sonhos como qualquer outra pessoa. Não sei se sou com a maioria, mas sou fraca. A coragem desvanece-se e não os realizo.
Sozinha, cada vez mais sozinha... Sozinha com e sem gente à volta. Respiro.
(Vou fechar os olhos para ver se acordo, mas não estou a dormir!)
Às vezes questiono-me sobre o que realizei até hoje. Nada. Nada que tenha tido sentido; não que as coisas tenham que ter ou tenhm simplesmente um sentido.
Continuo a preferir a noite ao dia, continuo a preferir a solidão à companhia aborrecida.
Se estou no sítio e com as pessoas certas? Sei lá.
Se quero continuar aqui? Quero.
(O cheiro da camisola já não é o mesmo.)
A estabilidade é uma coisa má?
Até hoje as pessoas que mais gostei não me ofereceram estabilidade. Não sei se "gostar" é o termo mais correcto, porque gosto de muita gente. Gosto mesmo: gosto do velhinho do andar de baixo, do professor de análise económica e até do André.
Será por gostar de muita gente que venho para aqui passear?
(entretanto lembro-me que o teu cheiro já não é o mesmo.Vou ligar à Rosa)
Perdi o medo de ficar sozinha quando percebi que já estava.
O outro dia fui apanhar o combóio a Santa Apolónia e foi a melhor coisa que fiz naquele dia. Entrei no combóio uma hora mais cedo e estive durante 60 minutos a olhar para o mesmo homem. Estava um mendigo sentado num banco verde do outro lado da estação. Tinha uma bóina castanha, barba e cabelo comprido. Trazia um saco verde de plástico cheio de tralhas e trazia na mão direita uma lata de sardinhas em converva. Abriu a lata, escorreu o molho e depois pegou num garfo que tinha no bolso e começou a comer da forma mais rápida que conseguia, provavelmente. No fim, pegou na garrafa velha de vinho tinto que tinha no bolso e bebeu durante 30 segundos seguidos. Fechou a garrafa e deitou-se no banco. E, esteve ali durante o tempo todo que eu olhava para ele; a sorrir enquanto olhava para o céu. Invejei-o.
Ele ao frio e eu no quente. Ele talvez mais só que eu. Ele sem um destino e eu com um bilhete comprado. Ele sem obrigações e eu com tantos compromissos comigo própria. Ele ri-a com o seu suposto nada. E eu olhava cabisbaixa com o meu suposto tudo.
O combóio arrancou e a imagem do homem da lata de saridnha acompanhou-me durante toda a viagem.
Hoje, depois deste passeio lembro-me dele; ele não está sozinho. Ou pelo menos, ficou na minha memória, mesmo que isso não lhe sirva para nada.
Continuo com as mesma dúvidas. A primeira letra foi escrita à 30 minutos e estou na mesma.
Vou voltar para casa.
Comentários
:)
(Deixa lá o aspirador em paz e fala comigo mulher!xD)
Ai,ai, minha solitária...:)*
(Tipo confrontar com velha guarda!:))
Mas olha, observar homens que comem latas de sardinha não me parece bonito, até porque as latas de sardinha enojam-me um bocado :x