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Apontamento IV

Hoje vi uma cena digna de fotografia.
Era um velho. Cara enrugada, roupas desconcertadas, cabelos brancos, com bengala. Sentado num banco à beira da estrada. Um daqueles bancos comuns, verdes, desgatados com o tempo. Fitava os carros que passavam, seguro à bengala. Quando passei, cruzei o meu olhar com o dele. Ele, com todo a sua sabedoria e eu, tão pouca sabedora daquilo a que chamamos vida. Continuo sem perceber. Por mais que pense, e penso muito nisso.
Os momentos não têm compensado o tempo que gasto neles.
As pessoas não têm compensado as acções que já pratiquei por elas.
Eu própria não tenho compensado tudo aquilo que já gastei comigo.
Continuo a não saber lidar com o outro. Continuo a ter relações tempestuosas.
Depois deste pensamento, ele continuava ali no seu banco. À espera que o tempo passasse. Talvez a mim, ou a ti, também faltem os momentos de ataraxia em que observamos tudo. As pessoas. OS gestos. As árvores. As folhas. A água a correr. A brisa a tocar-nos levemente. Os cheiros. O frio. A noite. O nevoeiro. A lua...

Comentários

Rosa Branca disse…
And time goes by...

No outro dia interrogaram-me como era possivel "certas pessoas" terem certos pensamentos como uma certa pessoa da idade do meu dad.

"Mas não é possível, você não tem metade da experiência que eu tenho...É parecida comigo mas mesmo assim, não é possível..."

Porque passado algum tempo, apontou a mão na testa e disse:

"Você tem que crescer"

Só porque alguém disse que "certas coisas" a incomodavam...Certas questões a interrogavam.

Enfim..
Vou.me dedicar a crescer.

Naquele caso acredito piamente que não devo pensar naquilo que a pessoa pensa...

Como se uma árvore, um céu, uma brisa, um sol fossem ignorados...
Como se isso tivesse idade específica...

É preciso ser-se arrogante, de vez em quando...

:):)

Ai Someone, Someone...já faltas:P

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